quinta-feira, 7 de julho de 2011

UM CANTO DO MUNDO - Delvanir Lopes

https://jpn.up.pt/2012/03/10/porto-velharias-e-antiguidades-um-negocio-de-paixoes/


Deixa-me no meu canto:

canções velhas, vozes antigas que ressoam poeira,

mundo sem chaves, passado sem presente,

todo espera.


Deixa-me no meu mundo:

para que o sonho momentâneo seja eterno,

para que a lágrima sem porquê

e os olhos fechados

embalando o corpo em suaves voos

sejam o prenúncio do paraíso já perdido.


Deixa-me no meu mundo:

sentir vozes, ouvir aromas que não sei quais são,

que não vivi, mas que aprendi com eles a ser felicidade.


Deixa-me no meu mundo

para voltar rarefeito, recriado, alimentado

do que não morre, porque tornou-se para sempre vida.




Lopes, Delvanir . In. Voragem. Virtual Books:Pará de Minas (MG), p. 32-33.