Caminho pelo acaso dos meus muros,
buscando a explicação dos meus segredos.
E apenas vejo mãos de brando aceno,
olhos com jaspes frágeis de distância,
lábios em que a palavra se interrompe:
medusas da alta noite e espumas breves.
Uma parábola invisível sobe
o rumo sossegado e vitorioso
em que minha alma, tão desconhecida,
vai ficando sem mim, livre em delícia,
como um vento que ares não fabricam.
Solidão, solidão e amor completo.
Êxtase longo de ilusão nenhuma.
MEIRELES, Cecília. Solombra. Nova Aguilar, 1987, p. 711