ei-la tecendo a sua frágil teia;
passa e repassa em torno e não se cansa,
não se detém, não erra, não tonteia.
Por isso também eis que, sem tardança,
pronta, a urdidura esplêndida pompeia;
e é quando a aranha rútila descansa
no resplendor de seda que a rodeia.
O sol voluptuoso e ardente incide
na trama, em cujo centro o aracnide
como um fulvo topázio resplandece.
e eu penso que é filósofa esta aranha,
e, trânsfuga do mundo, se emaranha
no sonho sutilíssimo que tece.
21 de janeiro de 1918 - MEIRELES, Cecília. Poesia Completa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001, p. 1565.
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