Sou o que passa,
repentinamente,
pelas cercas nas longas estradas,
pelos caminhos sem beiras,
pelos contornos de instantes se esfacelando,
continuamente.
Sempre passagem
- chegando e saindo -
deixo de ser livre para não ser prisioneiro.
Sempre ser e não-ser.
Sou o entre.
Decido pelo futuro - já foi.
Escolho a areia - a água invade.
Desejo a luz - há sombra.
Quero a lucidez - vem o enigma.
Cobiço a palavra - surge o silêncio.
No instante de vida, passo,
tudo passa:
depressa
e vagarosamente.
Na extremidade dessa linha
atravesso.
Limite sem limite.
Lopes, Delvanir.
Limite sem limite.
In Fímbria ou na morte da nossa hora.
Pará de Minas/ MG: VirtualBooks, 2012, p 67.