terça-feira, 31 de dezembro de 2013
O menino do dedo verde - fragmentos
É preciso acontecimentos extraordinários para que se deem férias às crianças. uma cadeia que floresce desperta sem dúvida uma grande surpresa; mas a gente logo se habitua, e acaba achando natural que um gigantesco jardim se eleve em lugar de muros cinzentos.
A gente se habitua a tudo, mesmo às coisas mais estranhas.
[...]
"Para esta menina sarar, pensava ele, é preciso que ela deseje ver o dia seguinte. Uma flor, com sua maneira de abrir-se, de improvisar surpresas, poderia talvez ajudá-la. .. Uma flor que cresce é uma verdadeira adivinhação, que recomeça cada manhã. Um dia ela entreabre um botão, um outro desfralda uma folha mais verde que uma rã, num outro desenrola uma pétala... Talvez esta menina esqueça a doença, esperando cada dia uma surpresa..."
DRUON, Maurice. O menino do dedo verde. Rio de Janeiro: José Olympio, 1984.
sexta-feira, 8 de novembro de 2013
Extreme moment - Delvanir Lopes
When
I'm leaving
I ask
gusts of light wind,
For
long hugs,
No
goodbyes ....
and
no waves.
I ask
the rain coming slowly.
Warm
drops smelling orange
Washing
the flowers,
Taking
the dust that has accumulated in the short days of existence;
Feeding
the seeds
For
new beginnings.
I ask
the bees and crickets,
I ask
birds with feathers of the rainbow,
I ask
endless flocks,
I ask
flute music,
I ask
the sound of drums,
I ask
dance, I ask chants
I ask
improvised rhymes and smiles of party.
I ask
high trees and cool shadows to the path
without
arrows.
No
time to review the steps,
No
sorrow for sighs that will extinguish,
One by one,
And lost in the void ...
Leave traces,
Leave fall the peel in slowly
and become what it was.
Go towards the beyond of the haphazard
Longing by the columns of cloud
The sky emerald
And the doors through which I want to pass.
by Delvanir Lopes (18/07/2013)
poema inédito, livro ainda no prelo.
sexta-feira, 5 de julho de 2013
sexta-feira, 21 de junho de 2013
DIALÉTICA
É CLARO QUE A VIDA É BOA
E A ALEGRIA, A ÚNICA INDIZÍVEL EMOÇÃO
É CLARO QUE TE ACHO LINDA
E EM TI BENDIGO O AMOR DAS COISAS SIMPLES
É CLARO QUE TE AMO
E TENHO TUDO PARA SER FELIZ
MAS ACONTECE QUE EU SOU TRISTE...
Vinicius de Moraes In.Para viver um grande amor. Rio de Janeiro: MEDIAfashion, 2008, p. 195.
segunda-feira, 10 de junho de 2013
VI O PLANALTO QUANDO CHEGUEI AO TOPO - Delvanir Lopes
Vi o planalto quando cheguei ao topo.
Penas umedecidas
com gotas de cansaço
pelos vôos constantes.
Ofegar, ofegar...
e no entremear dos olhos
uma luz,
que foi o que busquei.
Rejuvenescer as asas,
recriar...
Ofegar, arfar
em direção ao último limite,
último planalto,
alto, alto.
LOPES, Delvanir. In. Favônio. Pará de Minas (MG): Virtual Books, p. 9.
terça-feira, 28 de maio de 2013
Bilhete
Não o grites de cima dos telhados
deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
se me queres
enfim, tem que ser bem devagarinho, amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...
QUINTANA, Mário. 80 anos de poesia. são Paulo: Globo, 2008, p. 170
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013
SONETO DO AMOR TOTAL - Vinícius de Moraes (Marcus Vinícius da Cruz de Mello Moraes)
Amo-te tanto, meu amor... não cante
o humano coração com mais verdade ...
Amo-te como amigo e como amante
numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo prestante
e amo-te além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
de um amor sem mistério e sem virtude
com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
é que um dia em teu corpo de repente
hei de morrer de amar mais do que pude.
MORAES, V. O melhor de Vinícius de Moraes. São Paulo: Cia das Letras, 1994, p. 77.
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