sexta-feira, 14 de agosto de 2009
terça-feira, 4 de agosto de 2009
A FUNÇÃO DA BEBIDA COMO ANTI-ESTRESSE - Sêneca
1. Convém indulgência para o espírito. Assim, de quando em quando, devemos conceder-lhe algum repouso que age sobre ele qual alimento restaurador. Os passeios devem ocorrer em paragens abertas a fim de que o espírito fique estimulado com ar puro. [...]
Também uma refeição alegre e uma bebida mais copiosa. Por vezes, pode até tocar as raias da embriaguês, não a ponto de submergir nelas, mas, apenas, a ponto de descontrair, já que ela dissolve as inquietações, mexe até na raiz de nosso ânimo, curando de certas tristezas como também até enfermidades. "Liber" (1) foi denominado o inventor do vinho não por causa da liberdade que comunica à língua e, sim, porque libera o espírito da escravidão dos afazeres e fortalece, dando-lhe mais vigor e audácia para novos projetos. [...]
3. A dar crédito ao poeta grego: "É docura, às vezes, perder o senso." Também Platão dizia: "Em vão bate a porta das Musas quem está de sangue frio." E mesmo Aristóteles: "Não há gênio algum grandioso sem alguma mescla de loucura, pois só um espírito acicatado atreve-se a dizer certas coisas inéditas.
4. Realmente, o espírito, quando desdenha a vulgaridade do costumeiro e alça-se até a celsitude com o entusiasmo sacro que o anima e arrebata, somente então é que ele profere palavras divinas com boca de mortal.
O sublime fica inatingível, enquanto o espírito está atrelado a si mesmo. Necessário que se afaste do corriqueiro e do usual. Liberte-se e, mordendo o freio, arrebate consigo o cavaleiro, que é levado às alturas, onde jamais chegaria só por si mesmo.(2)
(2) - "So long as it is left to itself, it is impossible for it to reach any sublime and difficult height; it must forsake the common track and be driven to frenzy and champ the bit and run away with its rider and rush to a height that it would have feared to climb by itself".
SÊNECA (4-65 aC) .
Sêneca. A tranquilidade da alma. (cap. XX). São Paulo: Escala editorial, p. 82-83
domingo, 2 de agosto de 2009
CANTO TERZO - O INFERNO (DANTE)
La porta infernale - il vestibolo ove gl´ignavi corrono dietro un´insegna e son punzecchiati da mosconi e da vespe - Caronte nocchiero dell´Acheronte
Per me si va nella città dolente,
per me si va nell´eterno dolore
per me si va tra la perduta gente.
Giustizia mosse il mio alto fattore:
fecemi la divina potestate,
la somma sapienza e il primo amore.
Dinanzi a me, non fur cose create
se non eterne, ed io eterna dura:
lasciate ogni speranza, voi ch´entrate.
Queste parole di colore oscuro
vid´io scritte al sommo d´una porta;
perch´io: "Maestro, il senso lor m´è duro".
Ed egli a me, come persona accorta:
"qui si convien lasciare ogni sospetto;
ogni viltà convien che qui sia morta.
Noi sem venuti al loco ov´io t´ho detto
che tu vedrai le genti dolorose
ch´hanno perduto il ben dell´intellecto".
E poi che la sua mano alla mia pose
con lieto volto, ond´io mi confortai,
mi mise dentro alle segrette cose.
______________________
Chega o poeta às portas do inferno: Virgílio o precede - As almas dos egoístas mordidas por insetos vis - o rio Aqueronte e o barqueiro Caronte.
Entra-se por mim na cidade da tristeza:
entra-se por mim no abismo da eterna dor:
entra-se por mim na mansão dos condenados.
A eterna Justiça moveu Deus a criar-me:
obra sou da Divina Potestade,
da suma sapiência e do primeiro Amor.
Antes de mim não foram criadas,
senão substâncias eternas, e eu eternamente duro:
Vós, que em mim entrais, perdi toda a esperança de sair!
Vendo estas palavras escritas em caracteres negros,
na fachada de uma porta, voltei-me para Virgílio e lhe disse:
"Mestre, o sentido desta inscrição me espanta!"
E ele, como pessoa avisada,
notando em mim novos indícios de pavor, respondeu:
"Aqui, nada de cobardia, ânimo resoluto."
Somos chegados ao lugar, onde, como te preveni,
havias de ver imersos em abismos de tormentos os desgraçados,
que perderam o maior Bem do intelecto.
E depois, tomando-me pela mão
com semblante alegre, que foi parte para me confortar,
introduziu-me nas cousas arcanas.
(ALIGHIERI, Dante. Obras Completas - contendo o texto original em italiano e a tradução em prosa portuguesa. Trad, Mons. Joaquim P. de Campos. São Paulo: Editora das Américas, sd. (vol. 2), p.68-71.
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