Foi
nos dias de verão
quando
os delírios se tornaram mais intensos,
que
no sol,
jardins
irreais,
por
onde passeei tantas horas,
iam,
translúcidos,
sendo
taciturnos desertos.
Foi
nos dias de angústia,
quando
as flechas,
torres
secas,
sombras
e céu sem nuvens,
-
esse cemitério de sonhos -
iam
gerando braços mortos,
enlaçados,
que
um dia quis imortais.
Libertar,
fugir
dos nós do jogo sem convite.
Esperar,
sem
paciência, que o gelo derreta a loucura
que
já domina meus dias.
Aceitar,
chorando,
o novo lance do acaso.
São
tantas despedidas
no
verão do sofrimento
quando
as almas se derretem
e atravessam os vitrais do tempo
para
pousarem em jardins de vento
e serem só perfume...
que
espero a primavera,
quando
as sementes de cores
atrairão
aves migratórias
para
povoar esse jardim;
quando
os ventos do poente
virão,
mansamente,
girar,
ainda uma vez,
a
roda do meu destino.
LOPES, Delvanir. Rota Fortunae In: Jardim de concisos. Florianópolis: Bookess, 2015, p. 63-64.
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