quarta-feira, 12 de maio de 2021

Para sempre - João da Cruz e Sousa

 



Ah! para sempre! para sempre! Agora

Não nos separaremos nem um dia...

Nunca mais, nunca mais, nesta harmonia

Das nossas almas de divina aurora.


A voz do céu pode vibrar sonora

Ou do Inferno a sinistra sinfonia,

Que num fundo de astral melancolia 

Minh'alma com a tu'alma goza e chora.


Para sempre está feito o augusto pacto!

Cegos seremos do celeste tato,

Do sonho envoltos na estrelada rede, 


E perdidas, perdidas no Infinito

As nossas almas, no clarão bendito,

Hão de enfim saciar tida esta sede ...


In: Cruz e Sousa: poesia. Rio de Janeiro: Agir, 1982, p. 92-93


 

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