Delvanir Lopes - autorretrato 2015 - grafite sobre papel tela, A3
sábado, 1 de agosto de 2015
quinta-feira, 30 de julho de 2015
IMORTAL ATITUDE - Cruz e Souza
quinta-feira, 23 de julho de 2015
EVANGELIUM SECUNDUM LUCAM - Novum Jesu Christi Testamentum
Bonum est sal.
Si autem sal evanúerit in quo condiétur?
Neque in terram, neque in sterquilinium útile est,
sed foras mittétur.
Qui haber aures audéndi,
áudiat.
Evangelium secundum Lucam XIV, 34-35. In p. Novum Jesu Christi Testamentum, 1911, p. 196
O sal, de fato, é bom.
Porém, se até o sal se tornar insosso, com o que se há de salgar?
Não presta para a terra, nem é útil para o estrume:
jogam-no fora.
Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
tradução - Bíblia de Jerusalém, edições Paulinas.
terça-feira, 21 de julho de 2015
LABIRINTOS - Delvanir Lopes
Escher - 1953 - Relativity
Os olhos
silenciosos da noite espiavam de longe
as sombras
do labirinto:
suas
antigas paredes sinuosas
cercando
caminhos,
apontando
tantas direções.
Só uma
chegada
para uma
única partida.
Caminho
que se desenha quando o passo é dado,
sempre
incerto,
sempre
necessário.
As vozes
presas nos muros tão altos
confundiam
quem tateava cada centímetro escuro,
guiavam
quem,
sem
esperança,
parava
pela estrada,
entre
pedras e espinhos.
Os olhos
frios da noite não fecham,
viajam
entre as colunas densas do labirinto
que se
desdobra e confunde
em sombras
e luzes que alternam e misturam
ventos e
cheiros,
desejos e
planos,
sentidos,
memórias e tempos.
Só uma
partida
para uma
única chegada.
LOPES, Delvanir. Labirintos. In jardim de Concisos. Bookess: Florianópolis, 2015, p. 39.
quarta-feira, 29 de abril de 2015
Cântico Negro - José Régio ( José Maria dos Reis Pereira)
Cântico negro
"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!
José
Régio
"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!
quarta-feira, 22 de abril de 2015
decanto - Delvanir Lopes
Espero o momento
Para decantar meu vinho.
Anos de espera para
torná-lo mais absoluto e
Doá-lo como extensão de
mim.
Depois do descanso os
resíduos se acumulam
E é preciso cuidado para
degustar apenas
O melhor da bebida.
Ajustar as velas nos
castiçais
Ser o decanter esperando o
vinho puro,
Para exaltar aromas e
sabores formados pelos anos.
LOPES, Delvanir. Decanto. no prelo.
sábado, 18 de abril de 2015
sexta-feira, 13 de março de 2015
A BIRTHDAY MESSAGE
Friendship is
a journey of the heart,
a special warmth
and closeness that you share,
the feeling that this person
is important,
the knowledge
of how very much
you care...
Friendiship is
a journey of the heart,
a lasting gift that's found
along life's way
within the bounds you form
with special people
who come to mean
much more
than words could say.
Emily Matthews
sábado, 18 de outubro de 2014
EDUCAÇÃO OU FALTA DELA
Há pessoas que não conseguem ou não aprenderam ou ainda não foram ensinadas a ter educação ou a pensar que, além de si mesmas, há outras pessoas no mundo. A falsa impressão de que tudo podem, seja porque imaginam que pagam pelos serviços, seja porque se julgam, pelo menos, uns dez níveis acima de todos os outros, chega a ser ridícula e dá asco.
Não há, infelizmente, como dialogar com essas pessoas, mesmo porque o que sabem fazer, além de xingar, esbravejar, é repetir clichês e as mesmas frases sem quaisquer fundamentos.
Sugestão a elas: prestem atenção ao redor, procurem entender que o mundo não gira em torno de vocês; dinheiro transforma as pessoas fracas e sem consciência em arrogantes e frias. Pensem que há gente que sofre as consequências de suas ações prepotentes e descabidas. Leiam mais jornal, abandonem um pouquinho as novelas, alarguem seus horizontes, só para ver se conseguem ver além do umbigo.
Não há, infelizmente, como dialogar com essas pessoas, mesmo porque o que sabem fazer, além de xingar, esbravejar, é repetir clichês e as mesmas frases sem quaisquer fundamentos.
Sugestão a elas: prestem atenção ao redor, procurem entender que o mundo não gira em torno de vocês; dinheiro transforma as pessoas fracas e sem consciência em arrogantes e frias. Pensem que há gente que sofre as consequências de suas ações prepotentes e descabidas. Leiam mais jornal, abandonem um pouquinho as novelas, alarguem seus horizontes, só para ver se conseguem ver além do umbigo.
quarta-feira, 10 de setembro de 2014
MORMAÇO DE PRIMAVERA - Amadeu Thiago de Mello
Entre chuva e chuva, o mormaço.
A luz que nos entrega o dia
não dá ainda para distinguir
o sujo do encardido,
o fugaz, do provisório.
A própria luz é molhada.
De tão baça, não me deixa
sequer enxergar o fundo
dos olhos claros da mulher amada.
Mas é com esta luz mesmo,
difusa e dolorida,
que é preciso encontrar as cores certas
para poder trabalhar a primavera.
MELLO, Thiago de. Poesia Comprometida com a minha
e a tua vida. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1986, p. 35
domingo, 31 de agosto de 2014
Epítomes, Concisos e Nótulas - Delvanir Lopes
Não falarei do que não sei,
mas falarei do que aspiro:
jardins de concisos,
girassóis azuis
e campânulas brancas;
montanhas, neblinas,
nuvens e chuvas
e nótulas brotando.
O momento em que sou,
agora,
escapa de mim.
O tempo abrevia o que já é
rápido
e sobram pequenas lembranças
que – sei – esvanecerão,
solitárias,
em minha mente.
Por isso, só posso ser epítome
num jardim de tantas flores,
tantas cores,
tantos cheiros,
tantos insetos
e tantos frutos.
O jardim em que vivi
aguarda novos partos.
Delvanir Lopes. In. Jardim de Concisos. Florianópolis: Bookess, 2015, p. 13-14.
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