Observo
estes rios em minhas mãos
que se
bordam ao avesso
e se
ramificam altos:
um richelieu sofisticado com tantas pontes
e direções
que nascem
e morrem em mim mesmo.
Observo
estes rios em minhas mãos ,
escuros,
índigos,
que se
escondem quando aponto para o sol,
mas ,
estranhamente,
não
transbordam quando o rumo é a terra.
Rios
vivos, fecundos,
corpo
palco
corpo
tela,
corpo
casa.
Rio: anda
em mim na viagem sem tempo,
nutre essa
superfície que se desgasta.
Veios
margeados pelos respiros que dou,
sangue em
cursos verticais espalhando
instantes
de existência,
viaja em
meu ser,
alimenta o
que não se vê.
Esses
rios,
que correm
por tantas sendas,
encharcam
o jardim em que habito
e fazem
germinar realidades e sonhos.
LOPES, Delvanir. Rios em Mim. In Jardim de Concisos. Florianópolis: Bookess, 2015, p. 37-38.
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