Pater noster, qui es in caelis:
Sanctificétur nomen tuum.
Advéniat regnum tuum.
Amem.
Evangelium Secundum Mathaeum, caput VI, 9-13 In: NOVUM Jesu Christi Testamentum, 1911.
Pater noster, qui es in caelis:
Sanctificétur nomen tuum.
Advéniat regnum tuum.
Amem.
Evangelium Secundum Mathaeum, caput VI, 9-13 In: NOVUM Jesu Christi Testamentum, 1911.
A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo…
Quando se vê, já é 6ª-feira…
Quando se vê, passaram 60 anos!
Agora, é tarde demais para ser reprovado…
E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio
seguia sempre em frente…
E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.
(QUINTANA, Mario. Nova Antologia Poética. 9. ed. São Paulo: Globo, 2003)
67. Et Zacharías pater eius replétus est Spíritu Sancto: et prophetávit dicens:
68. Benedíctus Dóminus Deus Israel, quia visitávit et fecit redemptionem plebi suae;
69. Et eréxit cornu salútis nobis: in domo David púeri sui.
70. Sicut locútus est per os sanctórum, qui a saeculo sunt, prophetárum eius:
71. Salútem ex inimícis nostris, et de manu ómnium, qui odérunt nos:
72. Ad faciéndam misericórdiam cum pátribus nostris: et memorári testaménti sui sancti.
73. Iusiurándü, quod iurávit ad Abraham patrem nostrum, datúrum se nobis:
74. Ut sine timóre, de manu inimicórum nostrórum liberáti, serviamus illi.
75. In sanctitáte, et iustítia coram ipso, ómnibus diébus nostris.
76. Et tu, puer, prophéta Altíssimi vocáberis: praeíbis enim ante fáciem Dómini paráre vias eius:
77. Ad dandam sciéntiam salútis plebi eius: in remissiónem peccatórum eórum:
78. Per víscera misericórdiae Dei nostri: in quibus visitávit nos, óriens ex alto:
79. Illumináre his, qui in tenébris, et in umbra mortis sedent: ad dirigéndos pedes nostros in viam pacis.
80. Puer autem crescébat et confortabátur spíritu: et erat in desértis usque in diem ostensiónis suæ ad Israel.
Novum Jesu Chrisi Testamentum.1912, p.144-145.
Não faço poemas como quem chora,
nem faço versos como quem morre.
Quem teve esse gosto foi o bardo Bandeira
quando muito moço; achava que tinha
os dias contados pela tísica
e até se acanhava de namorar.
Faço poemas como quem faz amor.
É a mesma luta suave e desvairada
enquanto a rosa orvalhada
se vai entreabrindo devagar.
A gente nem se dá conta, até acha bom,
o imenso trabalho que amor dá para fazer.
Perdão, amor não se faz.
Quando muito, se desfaz.
Fazer amor é um dizer
(a metáfora é falaz)
de quem pretende vestir
com roupa austera a beleza
do corpo da primavera.
O verbo exato é foder.
A palavra fica nua
para todo mundo ver
o corpo amante cantando
a glória do seu poder.
De uma vez por todas, 1996
Desisti de saber qual é o Teu nome,
Se tens ou não tens nome que Te demos,
Ou que rosto é que toma, se algum tome,
Teu sopro tão além de quanto vemos.
Desisti de Te amar, por mais que a fome
Do Teu amor nos seja o mais que temos,
E empenhei-me em domar, nem que os não dome,
Meus, por Ti, passionais e vãos extremos.
Chamar-Te amante ou pai... grotesco engano
Que por demais tresanda a gosto humano!
Grotesco engano o dar-te forma! E enfim,
Desisti de Te achar no quer que seja,
De Te dar nome, rosto, culto, ou igreja...
– Tu é que não desistirás de mim!
In: Biografia - 1952
CHOVE
.
CESAR, Ana Cristina. Chove. In: ______. Poética. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. p. 140.
Morte, vela, sentinela sou
Do corpo desse meu irmão que já se vai
Revejo nessa hora tudo o que ocorreu
Memória não morrerá
Vulto negro em meu rumo vem
Mostrar a sua dor plantada nesse chão
Seu rosto brilha em reza, brilha em faca e flor
Histórias vem me contar
Longe, longe, ouço essa voz
Que o tempo não levará
Precisa gritar sua força ê irmão
Sobreviver, a morte inda não vai chegar
Se a gente na hora de unir os caminhos num só
Não fugir nem se desviar
Precisa amar sua amiga ê irmão
E relembrar que o mundo só vai se curvar
Quando o amor que em seu corpo já nasceu
Liberdade buscar na mulher que você encontrou
Morte, vela, sentinela sou
Do corpo desse meu irmão que já se foi
Revejo nessa hora tudo que aprendi
Memória não morrerá
Longe, longe, ouço essa voz
Que o tempo não vai levar
Renova-te.
Renasce em ti mesmo.
Multiplica os teus olhos, para serem mais.
Multiplica os teus braços para semeares tudo.
Destrói os olhos que tiverem visto.
Cria outros, para as visões novas.
Destrói os braços que tiverem semeado,
para se esquecerem de colher.
Sê sempre o mesmo.
Sempre outro.
Mas sempre alto.
Sempre longe.
E dentro de tudo.
MEIRELES, Cecília. Cântico XIII. In. ______.Poesia Completa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997, p. 196. (vol. 4)