terça-feira, 5 de abril de 2011

I HAVE A DREAM

I have a dream, a song to sing to help me cope to anything


if you see the wonder of a fairy tale you can take the future even if you fail


I believe in angels, something good in everything I see


I believe in angels when I know the time is right for me


I 'll cross the stream, I have a dream.




I have a dream, a fantasy to help me through reality and my destination


makes it worth the while pushing through the darkness still another mile


I believe in angels, something good in everything I see


I believe in angels when I know the time is right for me


I 'll cross the stream, I have a dream.




ABBA


segunda-feira, 14 de março de 2011

INVULNERÁVEL




Quando dos carnavais da raça humana
forem caindo as máscaras grotescas
e as atitudes mais funambulescas
se desfizerem no feroz Nirvana;

quando tudo ruir na febre insana,
nas vertigens bizarras, pitorescas
de um mundo de emoções carnavalescas
que ri da Fé profunda e soberana;

vendo passar a lúgubre, funérea
galeria sinistra da Miséria,
com as máscaras do rosto desoladas;

tu que é o deus, o deus invulnerável,
resiste a tudo e fica formidável,
no silêncio das noites estreladas!


SILVEIRA, Tasso da (org.). CRUZ E SOUSA - poesia. Rio de Janeiro: Agir Editora, 1986, p. 81-82.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

OUTONO


As folhas caem como se do alto
caíssem, murchas, dos jardins do céu;
caem com gestos de quem renuncia.

E a Terra, só, na noite de cobalto,
cai de entre os astros na amplidão vazia.

Caímos todos nós. Cai esta mãe.
Olha em redor: cair é a lei geral.

E a terna mão de Alguém colhe, afinal,
todas as coisas que caindo vão.


RILKE, Rainer Maria. Poemas e Cartas a um jovem poeta. Trad. Geir Campos. Rio de Janeiro: Technoprint Gráfica Editora, 1970, p. 40.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

FUTURO - Delvanir Lopes

Quando quarar o dia quero sair de mim;
quadrar o corpo, tal qual
aquele que quer, mas não sabe bem o quê.
E feliz, quebrantar qualquer quizita, querela.
Quite em estar aqui, loquaz porque quisto pela vida.
E quando cair a noite,
em quebreira contar
como quem revive a querência, quieto,
reconhecido,
acreditando no que virá.
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LOPES, Delvanir. Futuro. I. Voragem. Pará de Minas (MG): Virtualbooks, 2010, p. 27.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

HAI-KAI






Em meio da ossaria

Uma caveira piscava-me...

Havia um vagalume dentro dela.



QUINTANA, Mário. Hai-Kai. In. A vaca e o hipogrifo. São Paulo: Círculo do Livro, 1977, p. 19.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

MUNDO GRANDE - Carlos Drummond de Andrade



Não, meu coração não é maior que o mundo. 
É muito menor. 
Nele não cabem nem as minhas dores. 
Por isso gosto tanto de me contar. 
Por isso me dispo, 
por isso grito, 
por isso frequento os jornais, me exponho 
cruamente nas livrarias: 
preciso de todos. 

Sim, meu coração é muito pequeno. 
Só agora vejo que nele não cabem os homens. 
Os homens estão cá fora, estão na rua. 
A rua é enorme. Maior, muito maior que eu esperava. 
Mas também a rua não cabe todos os homens. 
A rua é menor que o mundo. 
O mundo é grande. 

Tu sabes como é grande o mundo. 
Conheces os navios que levam petróleo e livros, carne e algodão. [...] 

Outrora escutei os anjos, 
as sonatas, os poemas, as confissões patéticas. 
Nunca escutei voz de gente. Em verdade sou muito pobre. 

Outrora viajei 
países imaginários, fáceis de habitar, 
ilhas sem problemas, não obstante exaustivas 
e convocando ao suicídio. 

Meus amigos foram às ilhas. 
Ilhas perdem o homem.
Entretanto alguns se salvaram e
trouxeram a notícia 
de que o mundo, o grande mundo está 
crescendo todos os dias, 
entre o fogo e o amor. 

Então, meu coração também pode crescer. 
entre o amor e o fogo, 
entre a vida e o fogo, 
meu coração cresce dez metros e explode. 


- Ó vida futura! nós te criaremos.


ANDRADE, Carlos Drummond de. Mundo Grande. In. Sentimento do Mundo. Rio de Janeiro: MediaFashion, 2008, p. 73-75

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

TEUS OLHOS




Pasmei diante de teus olhos.

Eles me transportavam ao horizonte

ao pôr do sol, à manhã.

Neles havia o frescor da brisa que anunciava a chuva,

a quentura que traria um dia de calor,

havia tua alma, parceira tua,

tua essência.


Pasmei diante de teus olhos

que feito o celeste do dia sem nuvens,

profundos como o mar infindo,

eram o prenúncio de uma felicidade.

Neles percebi o sabor da aurora

e pude saudar a vida.

Vi o reflexo do meu rosto nos teus olhos.

Agora ando dentro de ti.


LOPES, D. Voragem. Pará de Minas (MG): VirtualBooks, 2010, p. 25-26.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

PARTIREI SEM DEIXAR NADA DE MIM - Delvanir Lopes





In memoriam a Duane Coulter
(1953-2010)
Partirei sem deixar nada de mim. 
Talvez algumas parcas lembranças que irão enfraquecendo com o tempo 
até consumirem-se. 

As impressões esvaecerão, 
cobertas pela aragem. 
Realizações de anos serão transformadas em instantes de nada. 

Partirei. 
Porque a carruagem de Zéfiro me espera, 
o vento forte me empurra e me leva, 
mesmo guerreando com a vontade. 

Queria o instante eterno. 


LOPES, Delvanir. Partirei sem deixar nada de mim. In: Favônio. Pará de Minas (MG): Virtual Books, p. 15.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

DISTANCE - Cecília Benevides de Carvalho Meireles (by Darlene J. Sadlier)



Who am I, the one who is on the veranda, 
in front of this sea, under the stars, 
seeing shapes move along? 

Do they know,perchance, who they are being? 
Do they feel the sky or the waters when they pass? 
Or don´t they see, or don´t they remember? 

 Like someone from this world wh turns his eyes 
towards the moon, meditating things 
and stares into the vagueness. 

- Towards this world pass my thoughts 
so foreign, so detached, 
as if this veranda were the Moon. 


MEIRELES, Cecília. Distance. Translation by Darlene Sadlier. In. Imagery and theme in the poetry of Cecília Meireles - a study of Mar Absoluto, 1983, p. 110-111.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

MAIS DESENHOS - Delvanir Lopes

Delvanir Lopes - Mama - grafite e pastel sobre papel textura
Delvanir Lopes - casa antiga - grafite sobre canson

domingo, 15 de agosto de 2010

EMERGÊNCIA - Mário Quintana

Delvanir Lopes - óleo sobre tela



Quem faz um poema abre uma janela.

Respira, tu que estás numa cela

abafada

esse ar que entra por ela.

Por isso é que os poemas têm ritmo

- para que possas profundamente respirar.



Quem faz um poema salva um afogado.



CARVALHAU , T.F. (org). QUINTANA, Mário. 80 anos de poesia. São Paulo: Globo, 2008, p. 141.