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quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Limite sem limite - Delvanir Lopes





  

Sou o que passa,
repentinamente,
pelas cercas nas longas estradas,
pelos caminhos sem beiras,
pelos contornos de instantes se esfacelando,
continuamente.

Sempre passagem
- chegando e saindo -
deixo de ser livre para não ser prisioneiro.
Sempre ser e não-ser.
Sou o entre.

Decido pelo futuro - já foi.
Escolho a areia - a água invade.
Desejo a luz - há sombra.
Quero a lucidez - vem o enigma.
Cobiço a palavra - surge o silêncio.

No instante de vida, passo,
tudo passa:
depressa
e vagarosamente.

Na extremidade dessa linha
atravesso.

Limite sem limite.


Lopes, Delvanir. 
Limite sem limite. 
In Fímbria ou na morte da nossa hora. 
Pará de Minas/ MG: VirtualBooks, 2012, p 67.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

PARTIREI SEM DEIXAR NADA DE MIM - Delvanir Lopes





In memoriam a Duane Coulter
(1953-2010)
Partirei sem deixar nada de mim. 
Talvez algumas parcas lembranças que irão enfraquecendo com o tempo 
até consumirem-se. 

As impressões esvaecerão, 
cobertas pela aragem. 
Realizações de anos serão transformadas em instantes de nada. 

Partirei. 
Porque a carruagem de Zéfiro me espera, 
o vento forte me empurra e me leva, 
mesmo guerreando com a vontade. 

Queria o instante eterno. 


LOPES, Delvanir. Partirei sem deixar nada de mim. In: Favônio. Pará de Minas (MG): Virtual Books, p. 15.