Amo-te tanto, meu amor... não cante
o humano coração com mais verdade ...
Amo-te como amigo e como amante
numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo prestante
e amo-te além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
de um amor sem mistério e sem virtude
com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
é que um dia em teu corpo de repente
hei de morrer de amar mais do que pude.
MORAES, V. O melhor de Vinícius de Moraes. São Paulo: Cia das Letras, 1994, p. 77.