terça-feira, 21 de julho de 2015

LABIRINTOS - Delvanir Lopes

Escher - 1953 - Relativity

Os olhos silenciosos da noite espiavam de longe
as sombras do labirinto:
suas antigas paredes sinuosas
cercando caminhos,
apontando tantas direções.

Só uma chegada
para uma única partida.

Caminho que se desenha quando o passo é dado,
sempre incerto,
sempre necessário.

As vozes presas nos muros tão altos
confundiam quem tateava cada centímetro escuro,
guiavam quem,
sem esperança,
parava pela estrada,
entre pedras e espinhos.

Os olhos frios da noite não fecham,
viajam entre as colunas densas do labirinto
que se desdobra e confunde
em sombras e luzes que alternam e misturam
ventos e cheiros,
desejos e planos,
sentidos, memórias e tempos.

Só uma partida

para uma única chegada.

LOPES, Delvanir. Labirintos. In jardim de Concisos. Bookess: Florianópolis, 2015, p. 39.

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