segunda-feira, 4 de março de 2024

SONETO DE AMOR - José Régio




Não me peças palavras,

nem baladas, Nem expressões, nem alma...Abre-me o seio,

Deixa cair as pálpebras pesadas,

E entre os seios me apertes sem receio.


Na tua boca sob a minha, ao meio,

Nossas línguas se busquem, desvairadas...

E que os meus flancos nus vibrem no enleio

Das tuas pernas ágeis e delgadas.


E em duas bocas uma língua..., - unidos,

Nós trocaremos beijos e gemidos,

Sentindo o nosso sangue misturar-se.


Depois... - abre os teus olhos, minha amada!

Enterra-os bem nos meus; não digas nada...

Deixa a Vida exprimir-se sem disfarce!


José RÉGIO. José. Soneto de amor. In: ANDRADE, Eugénio de. Antologia Pessoal da Poesia Portuguesa.

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